Recentemente, na nw2, escrevemos um artigo falando sobre as 4 ondas do RH e comentamos que estamos na 4ª onda: o People Design.
Esta onda é marcada pela importância da gestão da experiência dos colaboradores como estratégia de negócio. À medida que os estudos de CX (Customer Experience) avançaram, ficou claro que não há como trabalhar em prol da experiência do cliente se não temos uma boa experiência do colaborador.
Somado a isso, vivemos um momento de alta competitividade por talentos. Neste contexto, onde o talento deixa de ser escolhido e passa a escolher onde quer trabalhar, a experiência de trabalho proporcionada pela empresa torna-se ainda mais relevante.
Nesta 4ª onda, unimos os conceitos de design de experiências com o de gestão de pessoas.
Ao longo deste artigo vamos compartilhar sobre o que significa “People Design” e como é a atuação de uma área ou equipe de People Design. Vamos lá?!
Vamos começar sintetizando seu significado
People Design é utilizar a mentalidade do Design para resolver problemas que envolvem os colaboradores de uma empresa e desenvolver estratégias e soluções inovadoras que conectem as necessidades das pessoas e do negócio, objetivando a retenção de talentos, a maximização do desempenho do colaborador a expansão dos horizontes de atuação e influência da empresa no mercado.
Para entender melhor o que isso significa, vamos começar explicando o que é Design
Design é sobre resolver problemas colocando o usuário no centro da solução. E o que isso quer dizer? Trabalhar para entender os problemas pela perspectiva de quem os vivencia, buscando soluções de maneira não linear.
Designers mergulham na exploração do problema, procuram entender quem são as pessoas que enfrentam esta realidade e porque precisam de uma solução. A partir dessa pesquisa, fazem uma hipótese geral e identificam as principais características que devem fazer parte da resposta.
Com esses aspectos-chave em mente, experimentam soluções diferentes e iteram. Esta última parte é sobre aprender com o que funciona e o que não funciona para adaptar a solução atendendo melhor às necessidades do usuário.
Percebam que o design endereça os mesmos desafios da área de RH: resolver problemas pela perspectiva das pessoas. Por este motivo faz tanto sentido conectar essas duas áreas.
Os princípios do Design
“When you design, you have to understand what the capabilities are of the people you’re designing for.” – Don Norman, “Grand Old Man of User Experience”
Em tradução livre: “Quando se está atuando como designer, você deve entender qual a capacidade das pessoas para as quais você está desenvolvendo uma solução”.
O Design possui três princípios inegociáveis, que são: empatia, para entender o problema pela perspectiva do outro, a colaboração, que traz a diversidade de olhares, e a experimentação, que é a ideia de começar pequeno e aprender com feedbacks reais.
Quando falamos de People Design, estes princípios também guiam a forma de trabalhar.
Como ser um people designer na prática
1. Resolva problemas reais
Como people designers, queremos desenvolver soluções que resolvam problemas reais das pessoas nas nossas organizações, muito mais que seguir um check list de processos “importantes” do RH.
Que tal trocar o pensamento de “toda empresa precisa ter uma avaliação de desempenho, portanto vamos criar uma avaliação para a nossa”, para “como eu posso impulsionar a performance e dar clareza dos objetivos para meus colaboradores?”. Percebem que o foco sai da execução do processo (e da solução) e vai para o problema? Neste exemplo a resposta para o problema pode ser ou não “criar um processo de avaliação de desempenho”, pois o mais relevante é resolver o problema em si.
Para resolver problemas reais é fundamental “sair do escritório” e ouvir o que as pessoas têm a dizer sobre o seu contexto de trabalho, suas necessidades e expectativas.
2. Trabalhe colaborativamente
Outra característica da atuação como people designer é trabalhar de maneira integrada com as demais áreas da organização. Trabalhar de forma integrada significa quebrar os silos e envolver as pessoas na criação de soluções.
Quando centralizamos o desenvolvimento de projetos e soluções só no RH, deixamos de lado experiências e pontos de vista diferentes. É mais do que fazer algo PARA as pessoas e começar a fazer algo COM as pessoas.
3. Teste, teste e teste
Por fim, um último aspecto importante da atuação como people designer é de adotar uma mentalidade experimental e incremental. Não é porque algo deu certo na empresa X que vai dar certo na empresa Y. É importante testar hipóteses e começar pequeno. À medida que vamos recebendo feedbacks dos usuários podemos aprender com erros e acertos e, assim, incrementar as soluções propostas.
Para finalizar
Quando falamos de People Design, estamos falando de uma forma de atuar que coloca o RH como desenvolvedor de um portfólio de serviços e soluções que promovem a melhor experiência para os colaboradores e, consequentemente, impactam nos resultados de negócio. É incutir uma mentalidade de colaboração generosa, solução iterativa de problemas e inovação sem medo.